Filme “No tempo do Dashico” conta história da comunidade japonesa na Ilha Grande
As histórias da comunidade japonesa na Ilha Grande, que unem as cidades de Angra dos Reis e Santos, no litoral paulista, foram relembradas no último dia 15 de dezembro, durante a apresentação do projeto “No Tempo do Dashico” para a população santista. O filme homônimo e a exposição “Diálogo entre os Tempos” fez parte da programação do Marcafé, promovido pelo Instituto Maramar. O evento aconteceu no Clube Estrela de Ouro, um dos espaços mais tradicionais da cidade, também ligado à história dos imigrantes japoneses radicados no município. Na década de 40, parte dos imigrantes japoneses que chegaram à Ilha Grande, em Angra, eram oriundos de Santos.
A programação da noite começou com uma roda de conversa em que a coordenadora do projeto, Amanda Hadama, narrou parte da trajetória das famílias japonesas na Ilha Grande e a relação desses grupos com a pesca da sardinha que, por muitos anos, foi a mais importante do Estado do Rio de Janeiro.
– Apresentar o filme em Santos é de grande significado para nós. Afinal, foi nesse porto, que grande parte dos imigrantes desembarcaram pela primeira vez vindos do Japão. Seu Tarumassa Tonaki, uma das figuras de destaque do filme, é nascido aqui. Além disso, sempre houve um grande intercâmbio entre os pescadores de Santos e de Angra dos Reis. Muitas embarcações santistas forneciam pescado as fábricas da Ilha Grande – conta Hadama.
Entre o público do evento estavam famílias japonesas da baixada santista que, na época, se dedicavam ao beneficiamento de pescado em Angra dos Reis, e pescadores que desembarcavam sardinha nas extintas indústrias de beneficiamento da Ilha Grande. A segunda roda de conversa, inclusive, contou com a participação de um desses pescadores, o senhor Altamiro Domingos dos Santos, proeiro de traineira de sardinha e mestre de pesca. O debate ainda contou com a colaboração do oceanógrafo do Instituto Maramar, Fabrício Gandini, o do presidente do Sindicato dos Pescadores do Estado de São Paulo, Jorge Machado. O trio refletiu sobre o manejo da sardinha e as consequências futuras da captura desordenada.
– O Marcafé Dashico foi um momento de encontro entre Santos e a Ilha Grande, por meio da história dos imigrantes japoneses, da pesca e do mar. Foi uma ótima forma de finalizar as atividades do Instituto Maramar em 2016 – reflete Fabrício Gandini.
Após a exibição do filme documentário “No Tempo do Dashico”, dirigidos por Coraci Ruiz e Júlio Matos, o Marcafé abriu espaço para a boa música e a degustação de caldos especialmente preparados com o dashico da Ilha Grande.
– O missoshiro e o somem foram cozidos pelas mãos da senhora Isabel Oshima de 85 anos, frequentadora do Clube Estrela de Ouro há mais de trinta anos – conta Michele Uemura, do Clube.
Sobre o projeto ‘No Tempo do Dashico’
O projeto “No Tempo do Dashico” é uma realização do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e da Prefeitura de Angra dos Reis, por meio da Secretaria de Pesca e Aquicultura. O filme documentário e a exposição fotográfica (que acompanha as exibições) tratam da história dos imigrantes nipônicos na Ilha Grande ao longo do século XX, tendo como fio narrativo uma prática artesanal de secagem e defumação de peixe – o dashico. Mais informações: www.dashico.art.br
O filme e o livro serão distribuídos a associações culturais de Santos, por meio do Instituto Maramar. A exposição “Diálogo entre os Tempos” ficará aberta ao público até 15 de janeiro de 2017. Em seguida, o projeto segue para a capital paulista, ainda no primeiro trimestre do ano que vem.
Serviço:
Diálogo entre os Tempos
Exposição Fotográfica
Local: Clube Estrela de Ouro,
Av. Alm. Saldanha da Gama, 163, Ponta da Praia, Santos, SP
Mais informações: (13) 2202 8505 (Instituto Maramar)